quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A Cadeira de Rodas


Cadeira de Rodas é uma cadeira montada sobre rodas, usada por indivíduos com dificuldade de locomoção, podendo ser movida manual ou eletronicamente pelo ocupante ou empurrada por alguém. Por ser largamente utilizada por pessoas com deficiência física é também utilizada como símbolo que indica acessibilidade.
Senso Comum, segundo o dicionário, é um conjunto de opiniões tão geralmente aceitas em época determinada que as opiniões contrárias parecem aberrações individuais.
Os Libertadores do Riso são palhaços que fingem ser médicos para crianças que fingem que acreditam. Eles buscam, por meio da arte, apurar a sensibilidade a fim de despertar nas pessoas o desejo pela vida.
Para o senso comum, os tais conjuntos de opiniões geralmente aceitas, a cadeira de rodas é um símbolo de limitação, de dificuldade, quase que uma coisa negativa. Assim, quem usa este acessório de rodas leva consigo o símbolo nela implícito. É bem possível que o significado da cadeira de rodas pese sobre as pessoas que dela necessitam, a menos que estejam dispostas a desconstruir os ditos conceitos impostos pelo senso comum. E esta disposição é diretamente proporcional ao quanto somos crianças ou palhaços, afinal crianças e palhaços ainda não foram inseridos na lógica social das opiniões geralmente aceitas, podendo construir seus próprios conceitos acerca do que os rodeia.
E assim aconteceu: Naquele dia ela estava sentada na beirada do leito hospitalar. Quietinha, Marcela ouvia música no aparelho que a mãe havia trazido. Ao seu lado a cadeirinha com rodas do tamanho ideal para seus quase seis anos de idade. Era o dia de receber a visita dos palhaços. Ela sabia e esperava. Quando eles chegaram e sentiram a permissão para entrar desenhada nos olhos da mocinha, de imediato perceberam que o “jogo” já havia começado: Ela ouvia música. Aos dois restava dançar a sua música. Dançaram. Ela gostou do espetáculo. Também não era pra menos, afinal, os dois sempre foram exímios dançarinos. Viera outra música e os dançarinos desta vez decidiram dançar com a cadeira de rodas. Uma dança a três: palhaço Estrôncio, palhaça Espanadora e a cadeira. O espetáculo acontecia, quando para surpresa de todos, chegara mais uma dançarina: a bailarina Marcela pedira pra se juntar. Marcela, sua cadeira e os palhaços-médicos-dancarinos num balé inesquecível. Quando a dança terminou ela quis passear com os palhaços pelos corredores da Santa Casa. Distribuía sorrisos e acenos típicos das estrelas consagradas nos palcos da vida.
Naquela tarde, nossa estrela dançarina decidira brincar. Para ela não importava o que dizia o senso comum. Sem saber ela deu novo significado à sua cadeira: Era seu brinquedo e com ele iria brincar sempre que quisesse. A nós adultos, calejados pelos conceitos pré-estabelecidos, fica o ensinamento da Marcela: As coisas são aquilo que queremos que elas sejam!

Ronei Costa Martins

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