terça-feira, 9 de agosto de 2011

A Nova Eva

Admitamos: nestes últimos tempos devastamo-nos em proporções assustadoras. Vivemos numa realidade caótica potencializada pela aceleração industrial e tecnológica dentro de uma consciência competitiva e predadora.
Pois bem, diante desta situação delicada cabe-nos uma provocação: É urgente a intervenção feminina. Relatos históricos nos ensinam que a humanidade ingressou no modelo de sociedade predadora há cerca de oito mil anos. Antes as relações entre os grupos eram de solidariedade, de partilha de bens e de vida. Estas comunidades primitivas usufruíam da participação efetiva e decisória das mulheres. Depois, com o início da sociedade de caça, passa-se a vigorar a lei do mais forte, no caso o homem, mais preparado para a caça, em detrimento da mulher que passou a ter função secundária. Assim, a mulher foi confinada à tarefa doméstica, enquanto ao homem foi atribuída a função de provedor, de chefe, de político. Naquele momento as relações de solidariedade foram substituídas pelas relações de violência. Vence o mais forte. É matar ou morrer.
A mulher, enquanto dimensão feminina da humanidade, traz impregnada em seu ser valores fundamentais à vida. Desse modo, no momento em que ela foi apartada da vida pública para se dedicar à vida privada, a sociedade, então governada por homens, passou a substituir valores de cooperação, cuidado, atenção, amor; pelo culto à força, à disputa, à virilidade, valores evidentes na dimensão masculina e que hoje norteiam a nossa sociedade.
Atualmente, exemplos não faltam: sofremos guerras, fome, miséria, destruição. As poucas relações que cooperação, de harmonia, de integração, são insuficientes. Então vejamos: Que mãe depois de sentir o filho alimentando-se em seu seio o mandaria para uma guerra? Que mãe deixaria um filho passar fome, sob qualquer circunstância? Nenhuma!
Hoje, para que o equilíbrio necessário à vida seja promovido se faz urgente a participação feminina; não podendo haver vida em abundância onde uma só dimensão, no caso a masculina, prevaleça. É imprescindível a interferência de mãos femininas contribuindo para a tomada das decisões de interesse público, assumindo cargos políticos, administrativos, ensinando a nós, homens, os cuidados necessários para juntos salvarmo-nos.
Em contraste com a teoria bíblico-machista que colocou nas mãos da mulher, Eva, a culpa pela expulsão do Paraíso, hoje, talvez ela, a nova Eva, seja a protagonista da recondução da humanidade ao Paraíso.


Ronei Costa Martins

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