terça-feira, 16 de agosto de 2011

O BALANÇO DAS ÁGUAS ESPELHADAS

Num fim de tarde, sob as andorinhas bailando no céu azul, pessoas caminhavam freneticamente pela praça plantada por entre imensos blocos de concreto e aço. Na mesma praça, porém um tanto mais calmo, também eu caminhava. Decidi sentar-me num daqueles bancos de madeira, pretendendo, apenas, recolher da vida diária algo do seu disperso conteúdo, que pudesse fazê-la mais digna de ser vivida. Quis saborear aquela tarde agradável, pitoresca, sem saber para onde seria levado...

Aos poucos o sol ia se pondo, não conseguia vê-lo, sabia que ele ainda estava lá pois seus raios alaranjados coloriam as nuvens do céu azul que começava a ganhar tonalidade anoitecida. A brisa leve dava o ritmo do balanço das árvores e indicava a chegada da noite agradável. Lá em cima e aqui em baixo, estrelas e luzes acendiam. Estas últimas irradiavam uma coloração alaranjada, dando o tom de um imenso jantar a luz de velas. As andorinhas, recolhidas nas copas das árvores, aos pios, pareciam negociar um melhor galho para pernoitar. Por entre pios, ouvia, mais a diante, o barulho da fonte de água ao lado da gruta. Ela estava sutilmente iluminada por uma luz, também alaranjada, que evidenciava o trajeto das pequeninas gotas d’água que, insistentemente, teimavam em fugir ao ritmo daquela brisa leve. Decidi, atraído pelo som das águas, entregar-me ao seu encanto. Fui até a fonte e lá estavam, sob o olhar atendo dos pais, dois menininhos brincando na pequena ponte que dá acesso à gruta. Eles estavam sentados, segurando no parapeito, balançando os pezinhos e olhando para os rostinhos refletidos n’água. Os menininhos riam com gosto que tomou-me de súbito, envolvendo-me numa alegria inexplicável. Discretamente aproximei-me e vi: Riam da forma que seus rostinhos tomavam de acordo com o balanço das águas espelhadas.
Era minha hora. Tinha que ir. Passei pelos pais e andando emendei:
_ Lindas crianças!!!
_Ah!!! Obrigada!!! Disseram sorrindo...

Ronei Costa Martins
Limeira SP

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