quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Baú de Memórias



A memória é a faculdade de conservar e lembrar de coisas passadas e tudo quanto se ache associada à elas. Preservar a memória é garantir a identidade, seja da sociedade, seja de um grupo, ou mesmo de um indivíduo.

Éramos um grupo de jovens da Pastoral da Juventude. Em 2.002, decidimos enterrar, no Morro Azul, um baú de madeira, hermeticamente fechado, dentro do qual restou depositado objetos pessoais, recortes de jornal, uma fotografia e uma carta para si mesmo. A cerimônia foi emocionante. Subimos até o morro, numa caminhada simbólica, em que aconteciam paradas para reflexão. No local destinado, cada um de nós ao depositar seus pertences no baú relatou as razões de sua escolha e também as expectativas do reencontro, que viria acontecer dez aos mais tarde, em 2.012.

Nosso grupo de então, se encontrava semanalmente para debater os assuntos relativos ao universo juvenil que envolvia desde temas como a afetividade e sexualidade até o compromisso social e político que todos devíamos assumir. O grupo proporcionava um espaço no qual podíamos externar nossas angustias, medos e sonhos, na certeza de que ali encontraríamos outros jovens para partilhar daquilo tudo. Experimentávamos um sentimento de pertença que, aos poucos, revelava a nossa identidade, enquanto indivíduo, num primeiro momento e depois na condição de sociedade. Éramos lapidados pela vivência coletiva da fé cristã.

E esta vivencia, ano após ano, estreitava os vínculos afetivos entre todos nós. Sabíamos, entretanto que a ação inexorável do tempo não pouparia ninguém. A vida nos conduziria à rumos distintos fazendo com que cada um e todos buscassem trilhar seus próprios caminhos. Diante disso decidimos promover uma situação que mantivesse os nossos vínculos mesmo que distantes uns dos outros. Surgiu então a idéia do baú, que, para nós, representava este vínculo: A minha história contida naquele baú juntamente com a história de outros tantos amigos queridos, os quais, muitos deles, não vejo desde aquela ocasião.

Em breve celebraremos o nosso reencontro, ocasião em que o baú deverá ser resgatado e reaberto. Retomaremos nossos pertences, símbolos daquela época bonita, e, sugiro, depositarmos novos objetos para que sejam resgatados no ano de 2.022.

Sinto que aquele baú tornou-se uma maneira simples de expressar a alegria de lembrar do passado, preservando nossa memória coletiva e reafirmando as cumplicidades definitivas que motivavam aqueles encontros semanais e que ainda hoje, dez anos mais tarde, nos une em torno dos valores cultivados desde então.

Que a chama da amizade sempre arda em nossos corações, e, como diz Fernando Anitelli, que possamos “Amanhecer brilhando mais forte”!

Ronei Costa Martins.

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